Em Pedra Lisa só pude orar de olhos abertos. Cada vez que fechava os olhos ouvia um pássaro cantar e dar um vôo rasante, uma manga caindo do pé, um som de chuva chegando, as águas do riacho, as vozes das crianças. Então elevava os olhos para as montanhas e a oração se misturava com a vibração de todas as cores e sons da criação.
No fundo do poço há plena paz de águas puras e límpidas, ainda que abscônditas. No centro da roda de engenho o movimento é mínimo quase nulo, neutro, pois no eixo está a força contida que sustém os braços abertos de quem gira. No centro da Terra, no coração quente e escuro da Terra, ignorando tempestades, metrópoles, aviões e bombardeios, ondas e navios bravios, pulsa a vida.
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