Em minha lectio de ontem meditei sobre o Salmo 61. O versículo 2 diz: "Desde os confins da terra eu clamo a ti". O salmista sentia-se deslocado, distante dos grandes centros, distante dos espaços privilegiados de trabalho, vitória, honra, família, glória. Muito provavelmente ele está no deserto. Ele ora a partir da periferia, da borda do mundo. Isso dá o que pensar.
No fundo do poço há plena paz de águas puras e límpidas, ainda que abscônditas. No centro da roda de engenho o movimento é mínimo quase nulo, neutro, pois no eixo está a força contida que sustém os braços abertos de quem gira. No centro da Terra, no coração quente e escuro da Terra, ignorando tempestades, metrópoles, aviões e bombardeios, ondas e navios bravios, pulsa a vida.
Comentários