Bem melhor do que navegar sozinho Bem melhor do que caminhar sem par Muito mais do que só se olhar no espelho Ou ver a própria sombra... Pega a sanfona, traz a viola, toca a rabeca (olerê) Chama os tambores e os tocadores pra nossa festa (olará) Faz uma fogueira, planta uma bandeira, canta a noite inteira (aiá) Convida todos os ritimistas para a calçada (olerê) Pega as estrelas, põe nas soleiras da madrugada (olará) Dança moçambique, dança marujada, dança de congada (aiá) Uma parte da vida é suor e pão Outra parte é pandeiro e celebração Tudo tão bom Se a mão de quem planta puder colher Ir além dos limites do próprio corpo Por o pé nas fronteiras do nosso chão Palmo a palmo, alcançar com algum esforço O esboço de outra palma Ver o riso pousado em cada rosto Ter o gosto de reaprender a andar Como quem sabe caminhar dançando Ao toque da viola Viva a alforria! Viva a alegria! Viva a fartura! (olerê) Que haja folia e cantoria, que haj...
Uma pessoa é uma voz. Uma voz custa a envelhecer. Uma voz é sempre pergunta ou resposta, saudação ou despedida, grito ou silêncio. Uma voz também é silêncio. A voz clama no deserto, e busca um eco, um eco, um eco. Clama na cidade, e é sufocada por tantos ruídos. A voz conversa sempre com a Voz.