A Verdade Nua caminhou pela rua um dia. As pessoas viraram o olhar para outro lado. A Parábola chegou, adornada e bem vestida. As pessoas a saudaram com alegria. A Verdade Nua sentou-se solitária, triste e despida. "Por que você está tão triste?" -- perguntou a Parábola. A Verdade Nua respondeu: "Não sou mais bem-vinda. Ninguém quer me ver. Eles me expulsam de suas portas." "É difícil olhar para a Verdade Nua" -- comentou a Parábola. "Deixa-me vesti-la um pouco. Certamente, você será bem recebida". A Parábola vestiu a Verdade Nua com um vestido fino feito de narrativa, com metáforas, uma prosa incisiva e enredos cheios de inspiração. Com riso e lágrimas e aventura a se revelar, juntas elas começaram a desfiar uma estória. As pessoas abriram suas portas e serviram a elas o que havia de melhor. A Verdade Nua vestida de estória era uma convidada muito bem-vinda. (conto judaico, readaptação de Heather Forest)
Uma pessoa é uma voz. Uma voz custa a envelhecer. Uma voz é sempre pergunta ou resposta, saudação ou despedida, grito ou silêncio. Uma voz também é silêncio. A voz clama no deserto, e busca um eco, um eco, um eco. Clama na cidade, e é sufocada por tantos ruídos. A voz conversa sempre com a Voz.