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finalmente, o site

Queridos amigos, finalmente nasceu o meu site. Visitem: www.gladircabral.com.br. Ele nasceu deste blog, por isso o conteúdo ainda é bastante semelhante. Mas pouco a pouco vou inserir no site informações novas, download de música, letras, cifras coisa e tal. Mas pretendo continuar com o blog até onde for possível. Espero vocês lá. Abraços, Gladir
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conserto

Saiu finalmente a primeira parceria com Tiago Vianna! Custou, rapaz. Mas valeu a pena. Eis aí alguma coisa para começar. É fim de tarde As folhas dançam ao vento E o pescador se distrai E conserta as suas redes Em silêncio E relembra as ondas e o barco Noite em claro e ele tão longe do lar Tempestade em mar aberto Pensamento As agulhas e as linhas O olhar de quem já não mais sente nas mãos A própria dor O talho tão cruel Fios soltos e rompidos Logo reparados e cingidos assim Com força e com vigor E mais um carretel Assim é Deus em seu amor A corrigir e emendar Nossas redes rotas, tão poucas, E o coração infiel e teimoso Assim é Deus em seu amor A refazer e retomar Laços tão humanos, tão frágeis Num mundo cada vez mais perigoso Logo tudo se renova O horizonte anuncia: O sol nascente brilha! O vento já mudou O pescador já voltou ao mar E a longa praia a esperar Alguém que logo irá voltar (Tiago Vianna e Gladir Cabral)

trabalha, poeta (Silvestre Kuhlmann)

Tenho ouvido ultimamente as canções do compositor, arranjador e poeta Silvestre Kuhlmann. Eis aqui uma de suas preciosidades. Sem meias palavras, Semeia a palavra, Cultiva a boa semente; Espalha por este solo da Terra Poemas. A pena, a peneira, a pepita, Garimpa, lapida; Descobre o tesouro, Cava com a pá. Provoca o vocabulário, Bulindo no vocabulário; Burla o sentido, faz o belo. Elabora, labora. Procura a cura no verso. Emoção, reação adversa; É perverso ver o mundo Sem teu olhar, poeta. Se te moves, poeta, Comoves; Poeta, não te acomodes Nas cavernas da melancolia. (Silvestre Kuhlmann)

sinfonia do perdão (Jorge Camargo)

Isso aconteceu no final de 2006. O tempo passa, mas ainda ressoa a beleza desta humana sinfonia. Na última terça-feira (21/11), minha mãe Vanira, levantou mais cedo que de costume. Sentou na cadeira da sala de jantar e puxou uma conversa leve e descompromissada com meu pai. Surpreso com sua presença inesperada, seu Jorge, o "preto" como era carinhosamente chamado por ela, esticou o bate-papo. Minutos depois, ela reclamou de uma dor no peito e foi se deitar. Ele a acompanhou. Ao lado da cama, a frase inesperada: "Preto, me perdoe. Me perdoe pelas palavras ásperas e pelas dores que lhe causei nesses anos juntos (quarenta e seis, pra ser mais exato). "Eu é que te peço perdão!", ele respondeu. Foram as últimas palavras de minha mãe. Naquele quarto apertado de uma casa pequena e simples perdida na periferia da grande cidade uma obra de rara beleza foi executada. O tema? A Sinfonia do Perdão. Aqui nesse mundinho fétido, apenas dois seres que se amaram e que foram cúm

de bem com Deus (Roberto Diamanso)

Esta é outra canção concentrada e em estado puro de diamante de Roberto Diamanso. Todos que o conhecem sabem muito bem que certas canções destilam em sua alma gota a gota, palavra a palavra, letra a letra. Eu tô de bem com meu Deus Que te mandou um abraço; Vem fazer uso do espaço Lá do esquerdo do meu peito. Aqui está a igreja; Eu adoro olhando as imagens Que cantam, dançam e pegam Que eu até me peguei: Como de mim são iguais? Semelhantes são as tais Com o Artesão que as fez. Não há "primos inter pares" O Primeiro entre os irmãos Está à direita do Pai E é tão bem vindo entre nós Lembrado ao partir do pão Fala aos que aqui estão Ávidos para ouvir Sua voz. (canção de Roberto Diamanso)

uma canção nova

Despedida Se um dia você viajar pra Goiás E passar a porteira dos campos gerais Não se avexe e ande um pouco mais E será bem-vindo em meus quintais Com violas, cantorias. E se um dia você for ao Sul do Brasil E for tempo de inverno ou dia de frio, Provará o nosso chimarrão, Ouvirá, quem sabe, uma canção E haverá entre nós comunhão. Contaremos muitos causos, Lendas do sertão, Partiremos sobre a mesa Frutos deste chão, Levaremos na algibeira A recordação de um tempo tão bom. Se a distância um dia se estender entre nós E deixar-nos mudos, pensativos e sós, Os caminhos é que falarão Dos amigos que sempre serão, Pela fé, companheiros e irmãos.

campo branco (elomar)

Cada vez que ouço esta canção, minha alma se inspira, sonha, canta, chora, lamenta e louva. Viva o grande poeta Elomar. Campo Branco minhas penas que pena secou Todo bem qui nóis tinha era a chuva era o amor Num tem nada não nóis dois vai penano assim Campo lindo ai qui tempo ruim Tu sem chuva e a tristeza em mim Peço a Deus grande Deus de Abraão Prá arrancar as pena do meu coração Dessa terra sêca en ança e aflição Todo bem é de Deus qui vem Quem tem bem lôva Deus seu bem Quem não tem pede a Deus qui vem Pela sombra do vale do ri Gavião Os rebanho esperam a trovoada chover Num tem nada não também no meu coração Vô ter relempo e trovão Minh’alma vai florescer Quando a amada e esperada trovoada chegá Iantes da quadra as marrã vão tê Sei qui inda vô vê marrã parí sem querê Amanhã no amanhecer Tardã mais sei qui vô ter Meu dia inda vai nascer E essa tempo da vinda tá perto de vín Sete casca aruêra cantaram prá mim Tatarena vai rodá vai botá fulô Marela de u’a veis só Pra ela

A Pedra de Amolar

Aquele que comigo, quando eu choro, chora Aquele que comigo dança, A este jamais direi: Ora, não me amoles Porque se como o ferro com ferro se afia Afia o homem a seu amigo Isto hoje te digo: Podes me amolar! Ó Deus, dá que quando entre eu e meu amigo Houver atrito a ponto de sair faísca de fogo Que eu não me desaponte porque esse tal É enviado teu pra que eu não fique cego Porque cego não vê que sem o esmeril Se perde o fio, o gume Quem pode perceber, não perde a comunhão, assume Estende a mão, aceita A pedra de amolar (um poema do Roberto Diamanso)

um poema de drummond

Amar (Carlos Drummond de Andrade) Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.